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O que faz um educador de trânsito
20/05/2014
Por Márcia Pontes
No meio da imprensa, costuma-se dizer que o bom jornalista já nasce pronto, se aperfeiçoa e fica melhor ainda com o tempo. Quando o assunto é educação para o trânsito a pergunta também não é difícil de responder.
Mas o que realmente faz o educador de trânsito (no sentido de fazer, de realizar, mas também no que tange à sua essência) não é essencialmente o diploma, haja vista que vemos tantos professores que sequer buscam trabalhar o trânsito como tema transversal em suas aulas.
Na verdade, ser educador de trânsito começa por saber diferenciar entre educar, formar e instruir. Educar é despertar aptidões naturais e orientar para o aprimoramento; formar é evocar o processo de fazer aflorar o conhecimento e orientar condutas, ao passo que instruir continua sendo sinônimo de treinamento para executar tarefas que se já conhece e aprimorá-las.
O que faz o educador de trânsito é a sua certeza de que viverá eternamente por uma causa: a causa humanitária de salvar a vida de outras pessoas no trânsito. E para isso, ele terá que ser ativista e saber que terá pela frente uma luta que muitas vezes parecerá inglória por mais que doe tudo de si e faça o seu melhor porque anualmente no Brasil morrem cerca de 57 mil pessoas em acidentes e mais de 444 mil ficam sequeladas temporárias ou permanentes.
Para ser educador de trânsito tem que estudar muito, o tempo todo, a vida toda, para conhecer a legislação de trânsito, suas portarias, resoluções, jurisprudências e atualizações diárias. Mas, não basta ser um acervo jurídico ambulante: tem que ter alma de educador de trânsito. Tem que ter valores e conduta de educador de trânsito para ser o primeiro a fazer aquilo que ensina.
Para ser educador de trânsito tem que exercer o sacerdócio da educação para o trânsito, tem que amar o que faz, tem que estar disposto a ser voluntário, a trabalhar de graça muitas vezes, e nesse mundo competitivo o trânsito como profissão tem se destacado mais, para muitos, como oportunidade de emprego e pauta frequente na mídia.
Para ser educador de trânsito tem que ter criatividade para lidar com pouco dinheiro para colocar em prática as suas ideias, projetos e ações transformadoras. Mas, também tem que saber lidar com o próprio ego e o ego dos outros nessa imensa e ardente fogueira das vaidades.
Tem que aprender que muitas vezes não vai importar se o seu projeto é transformador e salvará vidas de verdade porque as portas se fecharão na sua cara, seja porque você não é amigo do Executivo ou porque muita gente não se importa mesmo.
Para ser educador de trânsito tem que aprender a conhecer e se defender das intenções capciosas, dos interesses políticos e não permitir que o seu trabalho por uma causa humanitária seja feito de palanque e “mise-em-scène” eleitoreiro.
Tem que ter ética, caráter e compromisso existencial para saber que num evento voltado para salvar a vida das pessoas o seu lugar não é debaixo do holofote, mas nas ruas, na via pública, abordando as pessoas, dialogando, explicando, mostrando e tentando conscientizar da importância dos autocuidados para se manter vivo no trânsito.
Tem que entender que educação para o trânsito pode até te dar visibilidade, fama, trazer oportunidades, e quem sabe algum emprego público de cargo comissionado, embora nunca te fará rico financeiramente com isso. Porque a sua maior riqueza será doar a sua vida para salvar outras vidas nesse exercício diário de ser um herói anônimo. Ou, pelo menos, que espere recompensas.
Se você consegue praticar a empatia, se tem paixão pelo trânsito, pela sua vida e pela vida de outras pessoas; se você está disposto a estudar muito, a dar o melhor de si sem esperar nada em troca, e se não vai sentir vergonha de admitir que salvar a vida das pessoas no trânsito é a causa da sua vida, parabéns! Você tem alma de educador de trânsito.
Fonte: Portal do Trânsito
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