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A importância de socializar experiências entre os CFC

28/11/2014

 

Por Márcia Pontes

 

Não sei ao certo quantos CFC’s ativos existem no Brasil, mas é certo que são milhares. Agora, imaginem todos esses gestores de Centros de Formação de Condutores e seus profissionais socializando suas experiências. Ou, pelo menos, a maior parte deles. Seria algo inovador e transformador. E quando digo “socializar experiências” me refiro às trocas, às parcerias que permitiriam identificar os pontos fracos e fortalecer ainda mais os pontos fortes e experiências bem sucedidas.

 

Não me refiro a socializar experiências como “copiar a ideia do outro” ou reproduzir fielmente aquilo que o outro fez e deu certo. Afinal, CFC’s também são empresas, são competitivas e concorrentes em um cenário e um mercado que pode ir do saturado ao mais promissor. Tudo vai depender de como se faz o planejamento estratégico pedagógico (ou se existe um) e do diferencial oferecido para se destacar entre os concorrentes.

 

Temos que ter em mente que, embora empresa, todo CFC carrega a marca pedagógica do processo de formação de condutores do início ao fim. Todos têm de apresentar um plano pedagógico. Todo instrutor, por mais que não tenha formação em Educação ou Pedagogia, é chamado de professor pelos seus alunos. Ensinar e aprender, que são as marcas do processo pedagógico, estão presentes a todo o momento e, na verdade, todos estão perseguindo os mesmos objetivos: formar os novos motoristas com autonomia diante dos desafios para o século 21. Então, porque não se pensar nas redes de trabalho compartilhadas em formação de condutores? 

 

Algumas vantagens das redes de trabalho compartilhadas entre CFC’s se refletem na capacitação e formação permanente de instrutores. Sabe-se que, por algum motivo peculiar, nem todo CFC investe nas oportunidades de formação permanente, em palestras, em workshops para seus instrutores ou em outras alternativas para as quais só se necessita de estímulo, como as pesquisas e leituras. Se sai caro bancar os cursos de formação para a sua equipe, uma boa parceria com rede compartilhada de trabalho com outros CFC’s possibilitaria a contratação de um curso ou treinamento a baixo custo para todos e todos sairiam ganhando.

 

Vejo que vem aumentando a cada dia a quantidade de gestores, de diretores de ensino, de instrutores preocupados não só com as questões pontuais de salário, baixa remuneração, carga horária puxada e melhores condições de trabalho, mas também com a questão pedagógica. Gestores e instrutores que buscam apoio, ajuda, atualização, que compartilham dificuldades do dia a dia, mas também uma vontade muito grande de melhorar tanto a forma como ensina quanto as possibilidades de aprendizagem dos seus alunos, e isso é muito positivo. Chega a ser surpreendente!

 

Apesar das questões relacionadas ao processo de formação e as altas reprovações em exames de direção que trazem consequências ruins para os CFC’s e seus profissionais sejam as mais visíveis, sabemos que o problema está no sistema como um todo, em cada ponta do processo e no âmbito das responsabilidades de cada um: Denatran, Detran, CFC, instrutores, examinadores, alunos e na própria sociedade. Não se pode apontar dedos em busca de um único culpado quando estamos falando de processo de formação e processo é um sistema com muitos subsistemas, de modo que é injusto “culpar” só o aluno ou só o instrutor e a autoescola.

 

O momento é de unir forças, é de buscar alternativas, é de limpeza dos velhos ranços que ainda rondam como um fantasma. O momento é de tornar-se um empreendedor-educador que pratique a liderança pedagógica e a ofereça como diferencial ao aluno e à sociedade. É hora de rever os conceitos de instruir, formar e educar. É o momento de se investir na formação pedagógica já na fase de formação de instrutores para que este profissional saiba, aprenda, compreenda os processos cognitivos e como o adulto aprende e, neste ponto, não basta conhecer os princípios básicos da Andragogia.

 

É o momento dos gestores de CFC ouvirem seus instrutores, sua equipe e seus alunos, horizontalizando a comunicação e praticando a autoavaliação para uma formação conjunta e o trabalho compartilhado. É assim que se define os rumos pedagógicos coletivos do CFC e se estabelece vínculos fortes entre todos. É assim que se identifica o que não está dando certo e une-se energias e esforços para a busca de soluções conjuntas diante de desafios como: diferenciar o que é atividade de ensino (aquela que só interessa ao instrutor/ação para ensinar) e atividade de aprendizagem (aquela que interessa ao aluno/ação para aprender).

 

Outros desafios em comum são: como identificar as dificuldades dos alunos para aprender, como estimulá-los, como despertar neles a intencionalidade para aprender com autonomia. Se o nervosismo do aluno é apontado como principal causa para reprovações no teste prático, e se isso afeta os CFC’s, os prejudica e arranha a imagem, será que não passou da hora de dar mais importância a este aspecto e começar a atender essa necessidade dos alunos?

 

A importância social dos CFC é muito maior do que todas as dificuldades em um país como o nosso, que se destaca pela acidentalidade em altos níveis, pois são os CFC que formam os novos condutores que vão entrar ou não para as estatísticas.

 

Já que os problemas e as dificuldades são comuns à todos, porquê não socializar experiências, promover e participar de estudos científicos na área, tão escassa de produções científicas?  Porquê não experimentar essa nova forma de corporativismo saudável, de trabalho por redes compartilhadas para a geração de conhecimento, de formação permanente e de busca de alternativas?

 

 

Fontte: Portal do Trânsito


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